A Arte
A Bruxaria Moderna é conhecida por muitos nomes, dentre eles: a Arte, Wicca, a Velha Religião, a Antiga Fé, Witchcraft e Religião da Deusa.
Para facilitar o entendimento, separamos esse texto em 7 tópicos, expondo as principais características dessa religião tão bonita, porém mal interpretada por muitos. Você poderá ler mais detalhadamente sobre cada tópico nos links disponibilizados no texto e abaixo dele.
1) A Arte é uma religião pagã.
O termo ‘pagão’ vem do Latim ‘paganus’ - em português, aquele que vive no/do campo. Basta lembrarmos um pouco das nossas aulas de história para entendermos melhor o que isso significa.
Os pagãos eram pessoas que viviam nos campos e seu principal meio de subsistência era a plantação, pesca e criação de animais. Eles acompanhavam e viviam os ciclos da natureza, as mudanças de estação e as fases da lua, garantindo assim uma colheita farta e produtiva para todos. Nessa época, as mulheres eram as detentoras dos “cargos” religiosos (Sacerdotisas, Xamãs, etc).
A bruxaria revive essa crença pré-cristã e, podemos afirmar que hoje, é a religião mais empenhada na preservação do meio-ambiente, uma vez que o vemos como parte de nós, que vivemos suas alterações.
2) Bruxos cultuam divindades.
Acreditamos que todas as coisas foram criadas pela Deusa Mãe e pelo Deus Cornífero, seu filho e consorte, representados, respectivamente, pela Lua e pelo Sol.
Os conceitos Politeístas*, Henoteístas* e Duoteístas* variam de tradição para tradição, de crença para crença. Mas todos nós, bruxos, cremos na existência de Deuses, no equilíbrio e complementaridade do divino.
Para nós a Deusa e o Deus estão em tudo e em todos, dentro e fora de nós, se manifestando das formas mais diversas que podemos imaginar. Desta forma, estamos todos interligados numa grande teia, e devemos sempre nos lembrar que o que eu faço a um ser, afetará não só a ele mas a todos, inclusive a mim, pois estamos conectados através Deles!
3) A Bruxaria é uma religião ritualística.
O ritual é a uma forma de celebrarmos e nos comunicarmos com os Deuses e de exercermos nossa divindade. Nossas principais celebrações são chamadas de Sabbats e Esbats.
Os Sabbats são os cultos relacionados ao ciclo solar, às estações do ano, solstícios* e equinócios* e os Esbats são os cultos à Lua.
Nós celebramos 8 Sabbats (celebração conhecida como a Roda do Ano) e 13 Esbats, totalizando 21 ritos anuais.
4) Bruxos fazem feitiços.
Nós acreditamos que podemos moldar a realidade e fazer com que nossos desejos se realizem. O feitiço é uma das formas de fazermos com que as mudanças esperadas aconteçam.
5) Bruxos acreditam em reencarnação.
A reencarnação para os bruxos não é vista como uma forma de melhora ou evolução. Nós acreditamos que morremos e renascemos para vivermos novas experiências e realidades, mantendo os conhecimentos das vidas anteriores.
Nós não vemos esse mundo como “essencialmente mal” e também não temos os seres humanos como “imperfeitos”, por isso a idéia de um ciclo em busca da perfeição não é aplicável para nós.
As teorias reencarnacionistas variam de pessoa para pessoa, de tradição para tradição. Para saber mais sobre reencarnação, clique aqui.
6) Bruxos são Sacerdotes.
A bruxaria é uma religião culturalmente rica, com crença e filosofia profundas.
Quando decidimos seguir esse caminho, devemos ter em mente que precisamos estudar muito e conhecer cada vez mais todas as áreas que fazem parte da nossa vida mágica (os Deuses, as ervas, as pedras e cristais), viver (e não simplesmente celebrar) a Roda do Ano, respeitar todos os seres vivos e Elementais (não apenas os seres humanos), tomarmos nossas decisões conscientemente e assumirmos nossos atos (aceitando suas conseqüências), ou seja, não paramos nunca!
O processo de iniciação na Wicca é um assunto bastante discutido e que levanta muita polêmica pois, como muitos outros citados aqui, mexe com as crenças pessoais e Tradições.
A princípio, para se tornar um Sacerdote da Deusa, todo bruxo deve ser iniciado. Mas, antes da iniciação, existe o período de dedicação.
Nesta fase, o dedicado estuda e vive a Arte, conhecendo melhor o caminho escolhido, praticando, meditando, exercitando suas habilidades mágicas. A dedicação costuma durar 13 lunações, ou seja, um ano e 1 dia. Após esse período, o dedicado poderá ser iniciado. Essa prática é utilizada em diversas Tradições e o dedicado é orientado por seu dedicador que, a princípio, se tornará seu iniciador.
No caso de bruxos solitários, o processo seria o mesmo, porém, sem o dedicador/iniciador. Nesse caso, chamamos de auto-dedicação e auto-iniciação.
A auto-dedicação e auto-iniciação são bastante difundidas e aceitas hoje em dia, porém, para algumas pessoas/Tradições, elas são inaceitáveis. Os que não aceitam essas práticas alegam que apenas um Bruxo pode formar outro Bruxo. Já os que aceitam, alegam que quem forma um Bruxo são os Deuses, e não o bruxo.
Enfim, todos os bruxos iniciados são Sacerdotes da Deusa, mas isso não significa que apenas os iniciados podem celebrar rituais. Existem sim coisas que apenas iniciados devem fazer. E se você quer saber mais sobre isso, clique aqui.
7) Bruxos utilizam instrumentos mágicos, símbolos e amuletos.
Instrumentos mágicos, símbolos e amuletos são formas de facilitarmos nossa conexão com o Divino e de nos protegemos.
O maior símbolo da Bruxaria é o pentagrama que, ao contrário do que muitos pensam e pregam, NÃO tem nada a ver com o demônio.
Para nós, o pentagrama (uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo) é a representação mais clara da nossa união com os Deuses = um Homem dentro de um círculo. Temos no pentagrama a representação mais pura e bela da Arte: a Deusa (o círculo, a Lua em sua fase cheia) e o Homem (a estrela). Cada ponta da estrela tem um significado específico: o Espírito, a Terra, o Ar, o Fogo e a Água (ou seja, os 4 elementos).
Falaremos mais sobre símbolos aqui.
Esclarecendo algumas idéias “tortas” sobre a Bruxaria:
- Nós não somos Satanistas e não acreditamos em demônios (automaticamente, não fazemos pactos com o mesmo). Acreditamos no mal, o sentimento que existe em cada um de nós. Todos nós temos nosso lado bom e nosso lado mau e depende de cada um decidir qual deles seguir. Da mesma forma que existem cristãos bons e ruins, existem pagãos bons e ruins.
- Não somos ateus! Somos pagãos.
- Não matamos nem comemos criancinhas. Muito menos usamos cadáveres em rituais.
- Não sacrificamos animais.
- Não vemos o sexo como pecado ou impuro. Pelo contrário! Para nós, essa é uma das manifestações mais divinas que existe!
- Não somos proselitistas e repudiamos o proselitismo! Ou seja, não convertemos ninguém.
- Não usamos drogas e afins em nossas práticas religiosas.
- Não odiamos o cristianismo, os cristãos, a Bíblia e Jesus. Apenas temos crenças diferentes.
- Também não profanamos igrejas, imagens e símbolos cristãos.
- Não acreditamos que a nossa religião seja a única certa e salvadora (até porque não estamos buscando salvação). Para nós, cada um segue o caminho que considera correto e no qual se sente melhor.
- Não cometemos crimes em nome da nossa crença. Os que cometem são criminosos e devem responder por seus atos.
- Não nos vestimos só de preto e não voamos em vassouras.
- Não cozinhamos sapo, não costuramos a boca do pobre coitado, não vivemos com morcegos e também não temos gatos pretos como bichos de estimação (a não ser que você goste e queira um).
- Não moramos em lugares sujos, sombrios, cheios de teias de aranhas, etc.
E, para encerrar, colocamos aqui um pedaço de um texto de Margot Adler (Drawing Down the Moon), retirado do livro “Wicca, A Religião da Deusa”, de Claudiney Prieto, que retrata bem a idéia que queremos passar com todos esses pontos descritos acima:
“Não somos maus.
Não prejudicamos ou seduzimos pessoas.
Não somos perigosos.
Somos pessoas normais como você.
Temos família, emprego, esperanças e sonhos.
Nós não somos um culto.
Esta religião não é uma piada.
Não somos o que você acha que somos quando vê TV.
Nós somos reais.
Rimos, choramos.
Somos sérios.
Temos senso de humor.
Você não precisa ter medo de nós.
Não queremos converter você.
E, por favor, não tente nos converter.
Apenas nos dê o mesmo direito que lhe damos:
Viver em paz
Somos muito mais parecidos com você
Do que possa imaginar.”
Abençoado seja!
1.Politeísmo: Crença em mais do que uma divindade de gênero masculino, feminino ou indefinido, sendo que cada uma é considerada uma entidade individual e independente com uma personalidade e vontade próprias
2.Henoteísmo: Crença religiosa que postula a existência de várias divindades, mas que atribui a criação de todas a uma divindade suprema. A Deusa e o Deus são divindades com várias representações e faces – diferente do politeísmo.
3.Duoteísmo: Crença onde um casal divino, oposto e complementar de igual poder e patamar de culto são os criadores de tudo e todos. A Deusa e o Deus são divindades com várias representações e faces – diferente do politeísmo.
4.Solstício: Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. E, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.
5.Equinócio: Ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo.
Texto: Fernanda Rocha e Victor Alonso
Postado em 10.04.09
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